segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A morte prevista da Goiabeira


Um nada, goiabeira e eu. Nem triste lembrança serão por futuro vertical. Inexistem. Não haverão ciclovias para imaginação, nem estátuas com foguetes comemorativos em festas e fachos de luz decantando a escuridão do lar perdido em avenidas. 
Na morte prevista em canto de currecas e fumaças galaxi´s (de manicura) canta meu pai sua cultura em festa de umbanda. Amor familiar cimentado pelo saber. 
Meus amigos choro e jazz perderam a festa. Mas eu estava lá, com palmas sincopadas cantando Maria Padilha. 
A língua portuguesa está estranha…se me é estrangeira. O que deito fora, não sei? 
Nem sequer me achei e procuro lares com espaço para livros e gatos e cama sem percevejos para reler o amor.
Preciso tocar o reconhecimento.
Preciso escrever a autonomia. 
Preciso ensinar o modelo.
Preciso cantar o dinheiro.
Preciso reler o conceito.
Preciso.
Onde e aonde?
Donde?

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Debaixo de goteiras e asas


Ando na mão do vazio
e do erro ortográfico
sob nuvens que roubam a noite
e devolvem com chuva
a força do cigarro
entre os ocos da cultura.

A marcha é lenta
fora do conforto
térmico da colcha
em que sonho.

Desconcentrado 
e de estado frágil,
com sapatos velhos 
e idade nova
não acompanho o corpo 
senão chateado,
..  ..  ..  ..

rompo o horizonte curto 
da avenida predial
sem nada me dizer.

Ainda não aprendi a dança
da formatura embolorecida
de meus amigos, 
que vomitam louvores e dinheiro
em naus de bandeira americana.

Não me acostumo mais ao açúcar
nem à carne salgada
nem a nada.
Tudo é caro na carência
desapercebida da palavra.

Gravito ausente de centro tonal
vendo na morte certa das arvores 
ao lado da casa de minha avó,
a fuga antecipada dos pássaros ressentidos
por maldade às suas memórias apagadas.

Voem para longe do meu queixume,
que eu vos invejo do chão
debaixo de goteiras e asas. 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Baratas


No domingo não se matam baratas.
E como um contrato, na esperada folga fria e alheia, 
chove.

Preparo-me para celeuma em silêncio uniformizado,
em pé-de-cinzas.

No gris sem sol nem céu,
a deusa celta não pode usar seu Ray Ban.
Furiosa, velozmente mandou os flecheiros atirar aos sabiás, 
para que o esplendor do cinema se avantaje em 3D. 
Delicioso tempo de aborrecimento divertido.

Em dia de chuva não se quer mexer em água 
e por isso, não precisar lavar louça 
recheia as lixeiras.
É um espaço público; 
privado e coberto.

Nos odores de
perfume à carbonara e
coelho a tira-colo,
uma elegante pausa 
distraída e flatulenta
bem em frente a livraria. 

Em pleno corredor:
massagem relaxante do limite do ridículo. 
(dis)plena em loja:
auditoria do caos vaidoso e do ridículo sem limite.

As vidas que lá estão, livres apenas em sonhos de plasma,
degustam em salivas e camisas de clubes
a matança bovina em dois hamburguers e pão.

E palhaço.

Para as crianças, em caixas coloridas,
prendas gordurosas 
de matizes emocionais com tempo determinado 
tal qual sorvete ao chão.

Para as baratas, 3 pares de havaianas.

Para mim, 
sorri a vida, 
às 23:10.