Ando na mão do vazio
e do erro ortográfico
sob nuvens que roubam a noite
e devolvem com chuva
a força do cigarro
entre os ocos da cultura.
A marcha é lenta
fora do conforto
térmico da colcha
em que sonho.
Desconcentrado
e de estado frágil,
com sapatos velhos
e idade nova
não acompanho o corpo
senão chateado,
.. .. .. ..
rompo o horizonte curto
da avenida predial
sem nada me dizer.
Ainda não aprendi a dança
da formatura embolorecida
de meus amigos,
que vomitam louvores e dinheiro
em naus de bandeira americana.
Não me acostumo mais ao açúcar
nem à carne salgada
nem a nada.
Tudo é caro na carência
desapercebida da palavra.
Gravito ausente de centro tonal
vendo na morte certa das arvores
ao lado da casa de minha avó,
a fuga antecipada dos pássaros ressentidos
por maldade às suas memórias apagadas.
Voem para longe do meu queixume,
que eu vos invejo do chão
debaixo de goteiras e asas.